sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Tia Tereza - uma mulher vencedora


Tudo começou em 1988, quando o Sabará era Vila Conquista. Tereza Rosa Teixeira Franco, hoje com 53 anos, na época com 33 anos, juntamente com as irmãs da Divina Providência, montaram a Associação Beneficente à Criança Desamparada. Que mais tarde se tornou Associação de Proteção à Infância Casa da Tia Tereza.

Tia Tereza, com é conhecida pelos moradores do Sabará, começou cuidando de crianças em sua própria casa. Ao todo eram 35 crianças, sendo que 25 delas moravam com ela. Algumas eram crianças abandonadas pelos pais e enviadas à ong, pelo juizado de menores, outras eram de pais que trabalhavam e não tinham com quem deixar seus filhos, ou ainda, de pais desesperados, que não tinham condições para cuidar de seus filhos que por motivo financeiro ou de saúde e recorriam à tia Tereza.

Um exemplo, é Elza Batista de Almeida, na época mãe solteira e desempregada. “Meu filho ficou doente de repente, não sabia onde buscar ajuda, tava desempregada. Daí pedi ajuda tia Tereza. Ela me deu emprego na creche e ajudou a cuidar de meu filho.” Dona Elza afirma, ainda que, se não fosse pela tia Tereza, talvez seu filho hoje não estaria vivo. “Ela é uma segunda mãe para mim e para o meu filho”, completa Elza.

Como na época não havia creches no bairro, a ong da tia Tereza logo se tornou referência entre as mães na região “Eu gostava muito que ela cuidasse de meus filhos, ela dava atenção e carinho, era uma segunda mãe para eles”, afirma Cleonice Ribeiro da Luz Pontes, que, logo que se mudou para Curitiba, sem conseguir emprego também deixou seus filhos a cargo da tia Tereza, enquanto tentava se virar como podia.”Se não fosse por ela, eu não poderia trabalhar”, completa Cleonice.


A segunda mãe

Parece unanimidade entre as mães atendidas pela ong da tia Tereza, ela era uma segunda mãe para aquelas crianças. Também, não era para menos, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, ela conseguiu manter por seis anos um abrigo de crianças e orfanato dentro de sua própria casa.
“Às vezes eu pegava crianças tão desnutridas que eram só pele e osso. Na época não tinha muti-mistura e muito menos postinho perto. Uma vez peguei uma menina que desmaiava quando via a mamadeira. Tive que correr várias vezes com ela quase morta ao posto de saúde”, relata Tereza.

E as dificuldades foram muitas, como no bairro não havia água encanada, ela caminhava todos os dias até o Barigui para pegar água para as crianças. Pois a água que os moradores do bairro usavam vinha de uma mina de água, porém, a qualidade dessa água era duvidosa, devido a ela não ser tratada. Só no Barigui ela encontrava água tratada. “Eu tinha medo de dar água de qualquer jeito para elas, por isso pegava lá no Barigui’, completa.

Muito religiosa, tia Tereza diz que conseguiu superar as dificuldades graças a sua fé e sua força de vontade. Que mesmo nas piores situações ela conseguia dar um jeito. Ela conta, ainda, que no começo, seu projeto só deu certo graças a ajuda da comunidade e das irmãs da Divina Providência, que ajudaram a criar a ong e acompanharam os trabalhos dela durante sete anos. As Irmãs estavam entre as principais colaboradoras da ong. Mais tarde outro grupo de religiosas, as irmãs da Divina Misericórdia, começaram a colaborar com a entidade.

Além da creche, a ong oferecia cursos de panificação, artesanato, culinária entre outros cursos a comunidade do Sabará. Em 2000, por dificuldades financeiras tia Tereza doou a ong para as irmãs da Divina Misericórdia, que, coordenadas pela Irmã Anete Giordani passaram administrar a ong.

A Associação de Proteção à Infância Casa da Tia Tereza, coordenada por Tereza Rosa Teixeira Franco, mais conhecida carinhosamente como tia Tereza, teve papel fundamental na história do Sabará e região. Além de ajudar muitas famílias, a ong serviu de referência para a criação de outras entidades de assistência social na região e, foi fundamental para a existência, hoje, do projeto das irmãs da Divina Misericórdia, coordenado pela Irmã Anete Giordani.

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